sábado, 8 de novembro de 2008

A HISTÓRIA DE CANTEIROS - FAGNER/CECÍLIA MEIRELES

Amo CANTEIROS na voz de Fágner.
Incentivada pela blogagem coletiva - HOJE É DIA DE CECÍLIA - fui atrás da verdadeira história dessa música/poema.
Ei-la:

Marcha

As ordens da madrugada
romperam por sobre os montes:
nosso caminho se alarga
sem campos verdes nem fontes.
Apenas o sol redondo
e alguma esmola de vento
quebram as formas do sono
com a idéia do movimento.

Vamos a passo e de longe;
entre nós dois anda o mundo,
com alguns mortos pelo fundo.
As aves trazem mentiras
de países sem sofrimento.
Por mais que alargue as pupilas,
mais minha dúvida aumento.

Também não pretendo nada
senão ir andando à toa,
como um número que se arma
e em seguida se esboroa,
- e cair no mesmo poço
de inércia e de esquecimento,
onde o fim do tempo soma
pedras, águas, pensamento.

Gosto da minha palavra
pelo sabor que lhe deste:
mesmo quando é linda, amarga
como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo
que tenho, entre o sol e o vento:
meu vestido, minha música,
meu sonho e meu alimento.

Quando penso no teu rosto,
fecho os olhos de saudade;
tenho visto muita coisa,
menos a felicidade.
Soltam-se os meus dedos ristes,
dos sonhos claros que invento.
Nem aquilo que imagino
já me dá contentameno.

Como tudo sempre acaba,
oxalá seja bem cedo!
A esperança que falava
tem lábios brancos de medo.
O horizonte corta a vida
isento de tudo, isento...
Não há lágrima nem grito:
apenas consentimento.
Cecília Meireles
http://www.geocities.com/fedrasp/cecilia-meireles.html

Canteiros
(Fagner, baseado no poema "Marcha" de Cecília Meirelles Músicas incidentais : Na hora do almoço (Belchior), Águas de Março (Antonio C. Jobim)dos discos "Manera Frufru Manera" e "Ao Vivo - Duplo" )
Quando penso em você
Fecho os olhos de saudade
Tenho tido muita coisa
Menos a felicidade
Correm os meus dedos longos
Em versos tristes que invento
Nem aquilo a que me entrego
Já me dá contentamento
Pode ser até manhã
Cedo, claro, feito o dia
Mas nada do que me dizem me faz sentir alegria
Eu só queria ter do mato
Um gosto de framboesa
Pra correr entre os canteiros
E esconder minha tristeza
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza ...
Deixemos de coisa, cuidemos da vida
Senão chega a morte
Ou coisa parecida
E nos arrasta moço
Sem ter visto a vida
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um toco sozinho ...
São as águas de março fechando o verão
É promessa de vida em nosso coração
(www.fagner.com.br)

13 comentários:

  1. Obrigado pela sua pequisa.
    Muito bonito o texto.

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  2. Aparecida:
    Obrigada pela tua visita! O bom da blogagem é essa interatividade, visitar e conhecer blogs novos.
    Beijos pra ti e um ótimo final de domingo.

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  3. Olá Aparecida! Obrigada pela visita e pelo comentário!
    Que legal! Então você também tem um Lucas?! rs

    Abraços!

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  4. Querida Aparecida,

    Obrigada por ter participado da blogagem coletiva HOJE É DIA DE CECÍLIA.
    Conseguimos formar um grupo com mais de 170 blogs. Foi uma verdadeira festa de amor e carinho pela amada poeta.
    Parabéns pela postagem.
    Gosto do Fagner, da sua voz, das suas interpretações, mas acho que ele deveria ter colocado o nome da Cecília quando lançou o disco que continha essa música. Deveria também ter pedido autorização para a família da Cecília. Isso não deve ter acontecido, pois se o problema chegou até a justiça é porque erros aconteceram.
    Uma parte da letra do Fagner é uma parte do poema da Cecília.
    Mesmo gostando do Fagner não abro mão dos direitos autorais da minha querida Cecília Meireles.
    Mais uma vez obrigada por sua participação.
    Com carinho,
    Leonor Cordeiro

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  5. Coincidência boa: Também participo desta blogagem coletiva e, em meu post, além de citar "Canteiros", coloquei como BG para todos ouvirem! Uma ótima fase do Fagner! E ótima lembrança deste belo poema de Cecília! Abraço e aguardo você para ouvir sua canção favorita!

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  6. Querida, recebi um carinho da Dete e quero dedicá-lo a você . Passe lá no http://feltro-la-pano-papel.blogspot.com para pegá-lo e oferece-lo a outros amigos. Um beijinho carinhoso, Betty

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  7. eu achei essa poesia muito enteresante e gostei muito de todos os seus livros e poemas parabens e boa sorte

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  8. eu gostei muito de toda sua historia cecilia meireles e fiquei muito emocionado obrigada:mateus

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  9. DEMAIS AS LETRAS QUE FAGNER ESCREVE GOSTEI MUITO MESMO FALA A VERDADE DE HISTORIAS QUE SE REPETEM MUITAS VEZES

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  10. Tem outra música que eu gosto bastante mas eu não consigo entender o que a letra quer dizer. Gostaria que me ajudasse. A música é DEZEMBRO.

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  11. Fagner é muito digno,desbocado e sincero e jamais roubaria uma letra para fazer uma música. Mesmo porque Ele é um poeta: bastar olhar a qualidade de suas canções. Fagner vai morrer de velhice sendo a eterna novidade. Cada música sua é um improviso, um impulso novo. Com já declarou várias vezes, Ele quiz fazer uma homenagem à beleza dos versos de Cecília, que Ele, com a licença poética que a música traz, trocou alguma palavras, dando um novo sentido ao poema e acrescentou outras suas e de músicas incidentais de Belchior e Tom Jobim. Estes (Belchior e Tom) entenderam a homenagem; os descendentes de Cecília viram isso como roubo e ofensa, mesmo ficando a poetisa eternizada na canção do cearense. Vejam como é a humanidade! Grande Raimundo, obrigado por tanta beleza que tem nos dado de graça, só pelo prazer de vê-la dividida entre aqueles que não têm o dom da criação!

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  12. Sem desmerecer a Cecilia, se não fosse a Musica, nunca saberia que ela tinha esses lindos versos. Infelizmente na minha opinião foi oportunismo.

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