terça-feira, 23 de outubro de 2012

TEXTOS DE MEUS ALUNOS SELECIONADOS PARA A FASE ESTADUAL - OLP

Débora, Taynara, Alan e Higor - alunos autores

O SOPRO DO VENTO TRANSFORMA A VIDA
Categoria: Crônica

Aluno: ALAN DE JESUS FERREIRA
Professora: Maria Aparecida Ferreira Morais


O silêncio e a tranqüilidade eram enfatizantes. Lugar distante, não tão distante dali onde eu moro, distante do barulho...

Sentei-me e pus a ver a paisagem por onde o vento brinca de pega-pega, esconde-esconde, polícia e ladrão, não sei... Sei que ele está sempre corr
endo, tocando em rostos e deixando a tranqüilidade. Os pássaros passavam por ali, feito foguetes, desviando-se de árvores e paredes, fios e postes, mas sempre apressados.
Lá estava eu vendo a vida passar, o vento a correr, passando em meu rosto deixando-me leve e tranqüilizado – o vento transformava o adro da igreja num perfeito paraíso. E do alto a contemplar toda a cidade, o padroeiro Santo Antônio, com tantos pedidos a atender, deixa sua protegida cidade – Santo Antônio do Rio Abaixo – completamente em paz. É assim que me sinto, sentado na escadaria ou na grama do adro ou na beirada dos canteiros ou mesmo encostado ou nos balaústres que a separam da praça.
O vento que sopra no alto da igreja de minha cidade é o vento que me faz acreditar, lutar, é vento que transforma e vê. Faz a vida valer a pena, acreditar em nossos sonhos e lutar para que sejam transformados em realidade.
O vento que sopra em minha cidade é o vento que transforma a vida!





DE UM MUNDO DE LETRAS
UMA CAIXA DE HISTÓRIAS

CATEGORIA: MEMÓRIAS LITERÁRIAS
Aluna: TAYNARA DOS SANTOS OLIVEIRA
Professora: Maria Aparecida Ferreira Morais

Não foi difícil captar no relato da senhora Maria Aparecida e mergulhar na “piscina de letras”, que a cada palavra ia ficando mais profunda... Era como se fosse um mergulho sem fronteiras e sem fim que nos fazia esquecer do presente.
“Pra falar do meu avô, na minha infância voltarei. Ao passar por aquela porteira num mundo de emoções me achei - emoções fortes, emoções suaves, emoções distintas, emoções mistas . e sentado no canto da varanda em L, descobri que era o mundo do meu avô, o banco era o trono de onde ele comandava toda a fazenda.
Naquela fazenda atrás daquela porteira em um mundo encantado, nas férias, atraía todos os netos, transformando-a num magnífico parque de diversões, onde ninguém conseguia se conter e muito menos determinar seu fim. Brincávamos de quase tudo e nossos brinquedos não eram comprados e sim confeccionados por nós mesmos – a tecnologia ainda não fazia parte de nossas vidas e nem do nosso lazer.
As meninas preferiam brincar as bonecas de sabugo de milho com as roupinhas feitas de retalhos – restos das costuras da avó e das tias. Outras brincadeiras preenchiam nosso dia assim como a água preenche o mar : amontoávamos pedras e fazíamos um fogão, as panelas eram as latinhas de extrato de tomate, sardinha e fazíamos comida de verdade, até bala de hortelã brotavam de nossas panelas...
Tornávamos os pés de goiaba, pitanga e de manga nossa brincadeira de escalada em busca dos frutos cheirosos e apetitosos! E que saudades ... dá água na boca só de lembrar!
As gangorras zunavam –nos pelos ares soltos na imensidão dos quintais presas no galho forte da apenas por uma corda de bacalhau e um pau amarrado na ponta – onde assentávamos - às vezes enrolando e perdendo a direção.
Mas a nossa diversão maior chegava junto com a noite – brincar de esconde-esconde no escuro ( era cada susto com as sombras!). Não havia luz elétrica, apenas uma chama a dançar em cada canto da casa – as lamparinas ( latinhas que consistem num reservatório que contém a querosene, em cuja abertura superior está um pavio que mantém contato com o óleo do reservatório. O pavio permanece constantemente embebido na querosene. À medida que a querosene na ponta do pavio é queimado, o óleo do reservatório sobe em direção à ponta do pavio.).Um dos principais esconderijos era no girau e aproveitávamos para beliscar as gostosuras guardadas ali, como rapadura e amendoim.
Uma pessoa especial que alegrou minha infância foi minha madrinha Lucinha, que desde pequena foi criada pela mina avó. Contava-nos histórias, brincava de esconde-esconde, se divertia com a gente – virava criança no meio da netaiada nas férias. Mais uma naquela casa que nos conduzia ao mundo imaginário, na nave do tempo! Não me esqueço de suas gostosas e estrondosas gargalhadas...
E, eu, a primeira neta a dominar as letras, era cercada pelos curiosos primos para saber do lobo mau que habitava o meu precioso pré-livro “AS MAIS BELAS HISTÓRIAS” . Sentia-me feliz, privilegiada por ter comigo o segredo do encantamento como se eu dominasse as histórias que viviam dentro dos livros.
O rádio de meu avô também deixou marcas em minha memória. Meu avõ não permitia que ninguém o ligasse – era para a pilha durar mais tempo! – a não ser minha avó que tinha exceção às três horas da tarde sintonizar na Rádio Aparecida, para ouvir a Bênção de Nossa Senhora Aparecida e benzer água pelo padre Vitor – água que todos tomavam um golinho, inclusive meu avô. E à noite, depois que se deitava, e de manhã (madrugada, mesmo!), ainda na cama meu avô ligava o rádio no programa do Zé Bétio, e as modas caipiras invadiam a fazenda: “Eu tenho uma mula preta com sete palmos de altura...” E assim a música povoou a minha infância!
Levantávamos bem cedo, tomávamos café com leite e quitanda da vovó Maria Lima e recomeçava as brincadeiras. Às nove horas parávamos para almoçar : canjiquinha com costelinha e uma verdurinha com feijão. Todos se reuniam na cozinha, pois ninguém é de ferro e saco vazio não para em pé. Outra vez: brincar. Ao meio-dia parávamos pra comer qualquer coisa – banana cozida, fubá suado, batata assada... depois de jantar - às três horas - íamos todos prosear na varanda ou escorregar nas capas de coqueiros nos capins secos do mês de julho, morro abaixo... era um frio na barriga na velocidade alcançada, na coragem de deixar-se levar morro abaixo dentro da capa.

E a noite chegava, de banho tomado e já cochilando, rezávamos o terço e a ladainha, junto com vovó e Lucinha. Terminada a reza – “tomem o leite e pra cama” – dizia a minha vó, mas o sono ia embora assim que a reza terminava – e no quarto das meninas era um barulho só e a Lucinha comandava tudo : contávamos casos, assombrações nas histórias de Lucinha e dormíamos assombrados depois de várias vezes o vovô gritar : “ Chega, meninos! Vão dormir!”
O tempo voa, parece fugir de algum monstro, nessa época ainda era garota, devia ter uns 7 ou 8 anos ... já são 40 anos pra contar! “
Depois dessa viagem inesquecível e emocionante no túnel do tempo era como se avistasse uma luz que me levava de volta ao presente. Envolvente viagem!
(Texto baseado no depoimento da Sra Maria Aparecida Ferreira Morais, 48 anos – minha professora)



“Mais ajuda quem não atrapalha”

Categoria: Artigo de Opinião
Aluno: HIGOR DAMASCENO DE OLIVEIRA
Professor: Maria Aparecida Ferreira Morais

Santo Antônio do Rio Abaixo, uma pequena cidade que se vista por um grande mapa não passa de um pequeno borrão de tinta. Localizada a mais ou menos 180 km da capital mineira, esta cidade é bem famosa por suas grandes belezas naturais e basicamente é o turismo
 que move nossa economia.
Recentemente um projeto governamental esta causando reboliço entre os cidadãos, as chamadas PCHs, que são nada mais, nada menos que pequenas usinas hidroelétricas.
Essas PCHs estão vindo para nossa região como pulgas vão a um cão. Ao serem instaladas várias “desgraças” vem consigo para a nossa localidade.
E exatamente em nosso município temos o projeto da Pequena Central Hidrelétrica Quinquim , prevista para ser instalada no rio do Santo Antônio, afluente da margem esquerda do rio Doce no estado de Minas Gerais.
Segundo o governo, a construção das PCHs trará consigo varias vagas de empregos e melhorias para a cidade durante o período de construção. EXATO, durante a construção das PCHs, vagas de empregos poderão ser abertas, mas quando o projeto for finalizado os empregos acabaram, e apenas alguns empregados mandados pelo próprio Governo tomaram conta da pequena usina de força.
Essa é a pequena ponta do iceberg, além de mal trazer desenvolvimento para a cidade, moradores ribeirinhos e vários animais poderão perder suas casas por causa do aumento do nível das águas.
Um dos trunfos da defesa é a aparição de um peixe – o andirá - que já foi denominado como extinto. O andirá , um peixe exclusivo dessa bacia – do Rio Santo Antônio - esta vivendo e procriando em um local bem próximo ao local da construção da PCH Quinquim.
Com o decorrer do processo, cada vez mais a ideia da construção da PCH vai perdendo força , pela voz da juíza Lílian Maciel a construção da PCH seria prejudicial ao município - “A construção das PCHs no decorrer do rio Santo Antônio trará catastróficos desastres para a biodiversidade da região, principalmente com a reaparição de uma espécie de peixe que já foi dado como extinto no rio.”
Se a licença que permite a construção de tal for realizada pode haver um chamado “colapso ambiental” na região e novamente a Juíza Lílian Maciel se pronunciou dizendo “A análise isolada e pontual de um empreendimento pode não ser lesiva ao meio ambiente. Porém, vários empreendimentos numa mesma localidade podem ter dimensões efetivamente catastróficas. A irreversibilidade do dano ambiental se sobrepõe ao possível prejuízo à produção energética a ser propiciada por aquelas hidrelétricas.”
Ainda disse Lílian Maciel que é direito constitucional a preservação e defesa de um meio ambiente “ecologicamente equilibrado” e é dever do Poder Público exigir o estudo prévio do impacto ambiental, no caso de atividades “potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente”. A mesma previsão está contida na Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente. Os empreendimentos dependerão de “prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis”.
A PCH Quinquim seria um trabalho de caranguejo, pois ela não traria nenhum lucro maciço para a cidade e muito menos grandes porcentagens de desenvolvimento e além de tudo, a sua produção energética seria baixíssima sendo de 17.33 MW, e esta energia não seria utilizada propriamente pela cidade.
A bióloga e analista ambiental do Instituto Chico Mendes, Beatriz Ribeiro Lisboa, apresentou um estudo que enumera possíveis danos caso as oito usinas , ao longo do rio Santo Antônio sejam construídas. Entre outros impactos, ela cita a degradação da fauna aquática e da Mata Atlântica remanescente, além da destruição de sítios paisagísticos e de áreas produtivas.
Enquanto isso, o destino da bacia do Rio Santo Antônio e de muitas outras segue indefinido, até que a Justiça decida . “Partir do pressuposto que Pequena Central Hidrelétrica não causa impacto ambiental é um erro conceitual” - essa frase do professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Hidráulica da UFMG, Carlos Martinez, resume toda discussão acerca desse empreendimento, portanto, se o bom senso se mantiver, as cachoeiras de nosso rio e os peixes continuarão sem ser incomodados e as belezas de nossas praias serão nossas para sempre!
O município não precisa disso para se desenvolver e, se sabiamente manipuladas as suas belezas naturais e se incentivado mais o turismo local, poderemos prosperar ainda mais que o esperado. E ao final de tudo, mais ajuda quem não atrapalha!




A poesia da Débora

PEDRAS
Categoria: Poema 
Aluna: Débora Gonçalves Cordeiro
Professor: Ranívia dos Santos Gomes

Entre serras e montanhas
No interior das Gerais
Vivo em um vale tranqüilo
Onde a paz é mais!
Não é na cidade
É na localidade chamada Pedras:
Numa casinha simples
À beira da estrada.
É chão de terra vermelha
Que levanta poeira em todas as direções
Atchim... Saúde!
Eta poeira danada, meu Deus!
Mas quando chove
O cheiro de terra molhada renova a vida
E deixa o barro agarrar os carros na estrada
E voltam verdes toda a natureza.
Verdes Pedras
Sempre verdes nossa vida
Frescura intensa
Florais no ar.
Pedras de Pedras
Rolam e enrolam
Brincam e espalham
Por todo o caminho
E assim no toque das pedras
O casco dos animais
Deixam o aviso
Dos que vão e vem.
No quintal
A passarada
Águas a borbulhar
É a vida de meu lugar.
As árvores enfeitam ao redor
Copadas e frondosas
Mas uma delas é especial
A amoreira que eu plantei.
De amoras e sombras
Vermelhas e roxas
Delícias a me espreitar
E assim explode a natureza.
Pedras
Encantam
Brilham em meu coração.






domingo, 20 de maio de 2012


A coleção Cadernos do Professor é um dos principais materiais de apoio e planejamento para as atividades realizadas em sala de aula pelos educadores que participam da Olimpíada. Ela é formada por quatro volumes, um para cada gênero textual trabalhado no projeto: poema (5º e 6º anos do Ensino Fundamental); memórias literárias (7º e 8º anos do Ensino Fundamental); crônica (9º ano do Ensino Fundamental e 1º do Ensino Médio) e artigo de opinião (2º e 3º anos do Ensino Médio).
Todos eles estão disponíveis aqui na Comunidade Virtual (clique aqui para ver), acompanhados de uma coletânea de textos do mesmo gênero que cada caderno trata, além de gravações de textos sonorizados e lidos em voz alta.

Sequências didáticas orientam trabalho do professor

Cada caderno traz uma sequência didática, organizada em oficinas especialmente desenvolvida para o ensino de língua por meio de gêneros textuais. As atividades indicadas facilitam a ação do professor e envolvem leitura e análise de textos, linguagem oral, conceitos gramaticais, pesquisa, produção e aprimoramento de textos. O material trabalha com os mesmos conteúdos programáticos propostos pelos parâmetros curriculares, não exigindo, portanto, atividades extracurriculares.
“O caderno é um apoio importante, pois ajuda o professor a se organizar no exercício das atividades. É um facilitador para o trabalho e, ao mesmo tempo, é um orientador, pois traz ideias e sugestões de atividades”, explica Maria Tereza Cardia, a Matê, da coordenação da Olimpíada.
Matê também falou da importância de deixar os cadernos disponíveis na Comunidade Virtual, já que desse modo o professor pode consultá-los em qualquer computador, facilitando a preparação das atividades para seus alunos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

AGORA SÓ EM 2012!




Concorrer... 

o novo abre caminho
mergulhar em gostosas leituras
entusiasmar meu aluno
preparar 
descobrir novas alternativas
ver o crescimento de cada um
seus olhinhos brilhando
esperança...
quantos textos nascem
inacreditável
resultados inesperados
o meu aluno pode ser selecionado
....
....
!!!!
?
mas não fora desta vez...
.

Valeu?
Valeu, sim!
Pequenos autores serão grandes amanhã!

Um abraço,
até a próxima olimpíada em 2012 . 
E só!

Professora Aparecida

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

RECADO AOS LEITORES

         Gostaria que tecessem comentários acerca do que posto, preciso avaliar meu trabalho , afinal de contas estou expondo meu aprendizado, minhas descobertas e gostaria de um feedback com os leitores desse blog.
       Conto com  compreensão de vocês, quero retorno, para que eu conserte o que for preciso. 
Abraços,
Aparecida

domingo, 24 de outubro de 2010

FIGURAS DE LINGUAGEM - APLICAÇÃO DO APRENDIZADO

Como sabem, abandonei os livros didáticos e estou trabalhando com as sequências sugeridas nos cadernos das olimpíadas. Os resultados são impressionantes...


Hoje vou postar um pequeno conto de uma aluna de 13 anos. A proposta foi que fizessem uma produção empregando as figuras estudadas e que eles dessem destaque a uma delas.Dei liberdade de escolha do gênero. Analisamos a presença de figuras como recurso linguístico enriquecedor do discurso. O gênero explorado era a crônica , mas já estudamos conto e memórias literárias. Eles escrevem para ler para os colegas e em momentos de socialização para toda a escola e eventualmente, postar nesse blog.

                                                                   SINESTESIA
      Nos lugares por onde passo sinto o amor, o ódio, a paz... Mas tudo isso é como um vento que passa pelo meu rosto e rapidamente entra pelas flores levando aquele cheiro que fica no ar e que deixa uma sensação de encanto ao redor.
     E, de repente, sinto um aperto no coração. Parece estar sendo esmagado e por alguns segundos sinto-me como se estivesse flutuando na imensidão do mundo, mas, logo depois, me deparo com meu corpo ali jogado. Finalmente caiu a ficha - eu estava morta.
                                                                                          (Fernanda, 13 anos, 7º ano)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Meu Avô


Pra falar do meu avô
A minha infância invocarei
Ela é o caminho da roça
Que me leva ao Quilombo
Na crina dourada do tempo
Do meu cavalo baio


Vou partir de minha infância
Venham comigo
Cachoeira do Salto
Rio acima
Ao Poço Fundo passo
Margeando o rio Preto
E chego ao Quilombo.






E no canto de minha memória
No banco da varanda em L
Meu avô comanda a fazenda
Tudo bem cuidado
A tempo e a hora
Com Maria  e Lucinha
E eu o que estou a fazer? 

No pé de pitanga
Ou de manga
Escuto o Quilombo
Na voz do meu avô.


Se ciganos passassem
Pelas bandas do Quilombo
A mais bela mula da tropa
Com ele ficaria
Gostava de uma boa mula
Tinha que ser grande como ele
E nela só ele montava .


Pelego vermelho
Rabicho e peitoral
E seu chapéu de lebre
- Era o mais bonito dos avôs-
Seus olhos azuis
Infinitamente
Subiam a Serra. 


Voltava altas horas
E a fazenda acordava
As esporas no assoalho
E Maria ainda levantava
Seu leite quente era sagrado.


De madrugada o rádio ligado
O Zé Bétio ou outro programa
Tinha que ter modão
Eu tenho uma mula preta
Tem sete palmos de altura
E a música entrou pelos meus ouvidos.


Via no estudo toda possibilidade
De mudança e de avanço
De mão no futuro pros netos
o mundo conquistar...


Assim termino meus versos
Mas antes quero dizer
Um orgulho tenho eu
De seus descendentes
Somente eu aqui fiquei.
                                                                          (Maria Aparecida Ferreira Morais)



sábado, 9 de outubro de 2010

DEPOIS DA OLIMPÍADA...

 O material preparado para trabalharmos a olimpíada ultrapassou a qualidade dos livros didáticos. Não consegui voltar aos livros didáticos com esse riquíssimo material em mãos - readaptei o planejamento e sem medo de errar mergulhamos nas outras oficinas... Afirmo que o resultado superou minhas expectativas.

Brevemente publicarei os textos produzidos : o 6º ano está desenvolvendo MEMÓRIAS LITERÁRIAS, O 7º e o 8º anos trabalham CRÔNICAS e o 9º ano está com ARTIGO DE OPINIÃO. Está sendo muito bom!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

FERNANDO PESSOA

 Quantas vezes li Fernando Pessoa em meus momentos de insegurança, de busca de mim mesma, de auto-afirmação, de questionamentos!... Lia em alta voz porque sentia necessidade de ouvir o som das palavras que entranhavam em meu âmago e me fortaleciam... e agora essa viagem nas palavras de Antônio Gil...


Fernando Pessoa: íntimas passagens
2605_fpessoa_gde.jpg “Para ser grande, sê inteiro: nada/ Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és/ No mínimo que fazes. / Assim em cada lago a lua toda/ Brilha, porque alta vive”.(F. Pessoa).
São Paulo, Estação da Luz, quinta-feira, 11 horas. Museu da Língua Portuguesa. Exposição: "Fernando Pessoa, Plural como o Universo".
“Sou hoje o ponto de reunião de uma pequena humanidade só minha”. (F. Pessoa).
Entro no elevador com o coração solene de expectativas. Dou de cara com alguns dos plurais do poeta português: os heterônimos mais conhecidos, lidos e impregnados na pele leitora dos amantes da poesia. Reencontro Alberto Caieiro, o guardador de rebanhos; Ricardo Reis, o que vivia no Brasil desde 1919; Álvaro de Campos, que teve educação vulgar de Liceu, um tipo vagamente de judeu português; Bernardo Soares, um semi-heterônimo e Fernando Pessoa, o próprio: o guardador dos plurais.
Reparo discretamente nos painéis que acolhem cada visitante no passeio pela exposição.Todos os “Fernandos” de chapéu escuro, óculos, gravata e casaco aos joelhos. E o mesmo ar quase misterioso. Misto de timidez com um ar sisudo e discreto.
Tudo começa com a apresentação do poeta. Há um bar avermelhado, mesas e cadeiras suspensas, com direito a café em xícara branquinha e um manuseio imaginário da revista Orfheu. Ali, à mesa, Fernando Pessoa (1888-1935) rabiscaria talvez o próximo poema. Somos espreitados e protegidos pelo seu chapéu suspenso que nos acolhe e nos convida a encontrar o poeta plural e único. Temos vivificado na imaginação, o retrato que Almada Negreiros fez do homenageado, em 1954.
Em pequenos nichos ainda visitamos brevemente os heterônimos. Biografias particulares.Temos instantâneos com cada um deles, com direito a trechos de poemas que se movimentam no escuro a partir dos nossos movimentos transeuntes e ingênuos. Parecem reinventar e remexer os desenhos poéticos do autor. Pelo nosso olhar desejoso de compreender, sentimos um pouco do sopro possível do ato criador, do fazer poético de cada heterônimo em seu micro universo.
“Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou, quando menos, os seus companheiros de espírito?” (F. Pessoa).
Vou me adentrando na exposição. Pouco a pouco e em poucos minutos vamos nos aconchegando no plural do poeta, o guardador da humanidade. Ali, visitantes temporários, saboreamos dos sentimentos exalados nas palavras da sua poesia. O essencial é saber ver, lentamente, no espaço que nos foge de alguma presença. Sentir? Saber ver? Talvez uma breve experiência da aprendizagem de desaprender. Estamos ali passeando, apenas. Pelas paredes, negros muros, passam vários “Pessoas” estampados em branco. Branco no preto. No preto que guarda todas as cores, se estampa o poeta, guardador de todas as palavras. Temos a nosso dispor uma breve constelação que brilhará no nosso pequeno universo desconhecido e inteligente.
Do outro lado, paredes com mais imagens, fotos, fac-símiles dos tantos manuscritos desse homenageado. Há um labirinto com poemas em relevo nas paredes. Há transparências, onde mergulha o nosso olhar infantil. Nas paisagens do mar e de Lisboa, revisitamos Fernando Pessoa que ressurge como personagem-paisagem. Tudo brota em nosso imaginário, desbotado pelo viver rápido e fugidio. Aprendemos um tanto nessa breve experiência de passagem e calma com as palavras. Ouvimos vozes múltiplas e expressivas declamado trechos do poeta. Testemunhamos o tique-taque da máquina de escrever trabalhando na luta com as palavras, o som de pássaros perto do mar. Talvez, o barulho da alma cantante das palavras...
Fernando Pessoa vai convivendo no mais íntimo do humano em nós. Coexiste. Sinto um silêncio generoso que nos abraça de quando em vez, através de seus versos. As palavras dos poemas gravadas pelo nosso olhar ressuscitam nossa própria vida fugaz. Fernando Pessoa está ali, grandioso. Ficamos como girassol fitando o sol antes da noite avassaladora nos invadir.
Num recanto um grande espelho brinca com nossa identidade. Quem sou? Quem somos? ” Não sei quem eu sou, que alma tenho”. “Há mais eu que eu mesmo”. “Sinto-me múltiplo”. Somos amalgamados por essa idéia que nos deforma frente ao espelho. Isso. Idéia forte, concreta, pungente. A da coexistência.
“Que voz vem no som das ondas/ Que não é a voz do mar? / É a voz de alguém que nos fala,/ Mas que, se escutarmos, cala,/ Por ter havido escutar.”(F.Pessoa).
Respiro mais forte e continuo.
Duas grandes fotos com o rosto do poeta se abrem ao próximo espaço. Amplo. Ao fundo dois telões: à esquerda, o mar da multidão humana. Na multidão de pessoas o movimento contínuo, a busca do eterno compreender, descobrir. Somos um, únicos e muitos. À direita, o mar. As ondas e o encontro das águas com as rochas, o contínuo movimento da vida. A eternidade? Ao centro, um espaço solene: um quadrado feito com uma pintura renascentista de Nuno Gonçalves impera majestosamente. Como um altar. Um monumento. Uma homenagem ao espírito navegador português? Logo me veio à mente o lema fiel do poeta: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Ao meio uma bola: o universo, o pêndulo do tempo? Nem ouso pensar mais. Distraio-me com duas brancas pranchas que saem das laterais. Vemos as palavras do poeta se desenharem aos nossos olhos, letra por letra, palavra por palavra na areia do mar luso, como se estivessem se escrevendo no momento criador do poeta. Pouco a pouco elas configuram nos versos e estrofes de Mensagem. Depois se apagam com o movimento do mar, levando-as para a imensidão. Fica o encantamento leitor.
Bem em frente ao monumento a Portugal uma mesa comprida, como a de um banquete. Também bancos recobertos de veludo pálido para a gente se servir de aconchego. Ali, sobre a mesa comprida, inaugura-se outra exposição: uma coletânea dos muitos livros de e sobre Fernando Pessoa, publicados em vários países a serem saboreados. Nosso olhar dança no manuseio das páginas das edições espalhadas ludicamente. O solene vira cotidiano. O altar vira uma sala de leitura. Sobre a mesa, há ainda a projeção de um manuscrito do livro Mensagem, com anotações do autor. Suas páginas podem ser viradas por meio de um sensor.
Ao longo das paredes, podemos também passar o nosso olhar por várias publicações do homenageado: livros, revistas, quadros, fotos, objetos e uma maquete. Entre os documentos, há revistas publicadas nas décadas de 10, 20 e 30 do século passado, como a "Portugal Futurista", marco do movimento modernista português.
“Da mais alta janela da minha casa/ Com um lenço branco digo adeus/ Aos meus versos que partem para a Humanidade”. (F. Pessoa).
No corredor de saída temos, para o nosso saber sobre o poeta misterioso e pouco revelador de si mesmo, um painel cronológico. Podemos nos enveredar por várias descobertas. O que pude verificar rapidamente numa consulta enviesada ao painel é que em 1894, com seis anos de idade, o menino Fernando Pessoa se desdobra já em seu primeiro heterônimo: Chevalier de Pas. Com sete anos escreve seus primeiros versos em homenagem a mãe. Com 14 anos, cria pequenos jornais. E, a partir de 1906, com 18 anos, inicia a criação de uma multiplicidade de alter-egos e vários heterônimos. Há muitos outros detalhes para saber e descobrir.
Saio aturdido, feliz, plenamente acolhido pela poesia do guardador de tantos e de todos nós.
Antonio Gil Neto


(Fonte: Blog da Comunidade Virtual Escrevendo o Futuro : http://escrevendo.cenpec.org.br/ecf//index.php?option=com_content&task=blogsection&id=13&Itemid=70)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA - 2010

EIS NOSSOS REPRESENTANTES NA OLIMPÍADA  DE LÍNGUA PORTUGUESA:
NA CRÔNICA  - WÁLACY,
EM MEMÓRIAS LITERÁRIAS - LAURA MORAIS ,
NA POESIA - TAYNARA,
E EU - APARECIDA - A PROFESSORA DESSES TALENTOSOS ALUNOS!!!!!!!!

           
Orquestra na roça

Wálacy
      O amanhecer na roça se transforma em uma disputa de cantos entre belos galos  com suas posturas de reis do terreiro. Galos jovens, galos mais velhos ou até garnisés, formando uma orquestra de melodias diferentes com a magnitude de tantas vozes afinadas.
                Eu não conseguia definir qual canto era o mais perfeito. Observo a serenidade do pequeno galinho garnisé e a imponência do grande galo índio com seu canto curto e grosso, não muito afinado mas com uma característica diferenciada. São  vários galos na disputa: o músico, o garnisé, o índio, o pedrês, o gigante zabrão, o rabichara, o comum...
                Depois de ouvir essa mistura de cantos por mais de horas, ora um, ora outro, ora vários ao mesmo tempo, considerei que o belo galo músico ganhara a disputa com seu canto comprido levando o bico ao chão, ficando quase dois minutos sem parar de cantar. Seu esplendor, a sua postura de rei juntam-se a seu magnífico canto que suavemente passa pelos meus ouvidos e me deixa alegre por ter acordado admirando lindas canções compostas pelos galos, sendo todos cantores natos, profissionais!

Wálacy  Vieira Gomes, 9º ano – 2010


                        PELAS ESTRADAS

Laura e Aparecida
           Enquanto meu avô contava-me suas histórias, passavam imagens em minha cabeça parecendo que eu estava junto dele nesta incrível viagem...
           “A hora da partida se aproxima. Inquietação total. Ouvia-se o toc-toc das patas dos cavalos a bater nas pedras do calçamento da rua principal onde reuníamos para  pegar a estrada. Era pouco mais das três da manhã.

Era o meu primeiro dia de tropeiro. Tudo pronto: o alforje, a capa de chuva, espora, chicote...Ia um ou dois cargueiros levando as panelas, a carne seca, o feijão, a farinha, as cobertas, umas redes de dormir e outras coisas necessárias para nossa viagem.Cada tropeiro procurava enfeitar mais a sua montaria com pelego, peitoral, rabicho, porta-capa de babado  - era uma competição de ornamentos.Já estávamos prontos e em poucos minutos estaríamos percorrendo as estradas levando mais uma tropa para ser negociada em São Paulo – eram mais de trezentos  animais entre burros, mulas e jumentos. Fomos saindo passo a passo...
Seriam quarenta dias consecutivos de viagem, quarenta noites dormindo pelas estradas, em fazendas já acostumadas a receber tropeiros na ida e volta de suas longas viagens. Em algumas dormíamos em paiol, em outras na varanda, ou em quartinhos destinados aos empregados, até mesmo na coberta do curral. Nossas refeições eram feitas nas estradas – farinha, feijão,ovo e torresmo, tudo misturado – o “feijão-tropeiro” – daí o nome desse famoso prato.
Em nossas paradas nas cidades  havia diversão, sempre o “Deli”, um dos companheiros mais festeiros,arrumava uma “radiola” -  toca- discos daquela época - e juntava muita gente pra dançar e prosear – que é bem semelhante aos passeios a cavalo  que fazemos aqui em Santo Antônio e que chamamos “Cavalgoles” por ser somente pelo prazer de cavalgar, tomar uns goles nas paradas e dançar um  forró.
Bem, assim se passavam os dias até chegarmos em Passos , cidade na divisa de Minas Gerais com São Paulo. Lá encontrávamos os paulistas que iriam comprar os animais e também aceitávamos trocas. Depois das negociações voltávamos, nos divertindo, amansando burros bravos e colecionando histórias pra contar.

Lembro-me dessa viagem como se fosse ontem, naquela época eu tinha 17 anos... É!... Já se passaram 53 anos! (Como o tempo passa rápido!)”

(Texto baseado na entrevista de Altamirano , meu avô)
Laura Ferreira Morais, 7º ano, 2010 



MEU CANTINHO

Taynara - declamando esse poema na Mostra de Leitura
Co – co – ri – có!
Raiou o dia
O galo anuncia
Tá na hora, dona Maria,
De um café quentinho preparar.

Da  lenha nasce a chama
E o fogo baixo inicia sua sina
Pra espantar o frio da manhã
Rodeando o fogão de lenha
Reúne a família e combina.

Cada um procura o que fazer
Nossa vida não é só lazer
Para a natureza nos agraciar
Não dá pra ver apenas o tempo passar.

Enquanto isso o tic tac do relógio
Vai sem parar o tic tac sem fim,
brilha  o sol cada vez mais  alto
O dia também procura o fim.

Chega a hora do almoço
Saco vazio não para em pé
Dizem por aí - é verdade verdadeira
Na qual eu boto fé.

Depois de encher a barriga
É melhor dar uma descansada
Pois ninguém é de ferro.
Ainda vamos pra cidade.

A tarde vem num piscar de olhos
O dia está indo embora...
As contas, a reunião na escola,
Tudo acertado e a correria para.

Vencido mais um dia
O sol já cumpriu sua jornada
E eu, cumpri a minha?
É hora de jantar e bater papo.

Depois desse corre corre
Tudo pára
O tempo esfria
O fogão de lenha me atrai
O fogo aquece a conversa.

Mas é hora de por os olhos na bainha.
O frio aperta,me enrolo e enrosco.
Madrugada,  sono pesado
Belos sonhos...e que sonhos!

E de novo co-co- ri-có...
Novamente mais um dia
Acorda, dona Maria,
E faz um café pra nos esquentar.

E  nessa rotina
Segue a vida desse lugar
e agradeço todos os dias
o poder de desfrutar
desse cantinho especial.
   (Taynara, 6º ano, 2010)